Apesar de todas as garantias do BCE, de que o regulador dará o máximo de suporte aos países endividados da zona do euro, as nuvens sobre a Espanha continuam a engrossar. As iniciativas de Mario Draghi não impressionaram os analistas da agência Moody´s, que advertiu na véspera a possibilidade de que o rating de crédito de Madri poderá, em breve, ser rebaixado para o nível "lixo". Se isso acontecer irá começar muito rapidamente a venda maciça dos Eurobônus espanhóis, em primeiro lugar - entre os investidores e os fundos que investem apenas em títulos do rating de investimento.
Além disso, neste cenário, o país corre o risco de seguir os passos da Grécia, pois as taxas de juros podem subir de tal forma a ponto de se tornar simplesmente insuportável. O BCE simplesmente se torna impotente, pois quanto maior o volume da dívida espanhola que irá resgatar, mais evidente será a declaração do fato de Madri se encontra numa situação fora de controle. Na verdade, antes mesmo as agências de rating começaram a rever, e isso no momento mais inoportuno, as classificações dos países em dificuldades na região, o que cada vez provocou uma onda de críticas nas capitais europeias.
A questão com a Itália, apesar de todos os seus problemas, não é tão ruim assim. Por enquanto Roma não está ameaçada de ter seu rating de investimento rebaixado. No entanto, pode surgir o chamado "efeito dominó" em que os investidores poderão se livrar de todos os títulos europeus, transferindo seus ativos para mercados mais calmos. Outro fator de tensão na região é a situação com o relatório da "troika" sobre a Grécia. Ele está previsto para ser publicado nas próximas semanas e será amplamente desfavorável ao atual governo em Atenas.
A decisão do BCE de retomar o programa de recompra dos Eurobônus, tomada na semana passada, criou um novo debate sobre a publicação da ata da reunião. Atualmente, após cada reunião, o Conselho do BCE anuncia as decisões tomadas e Mario Draghi realiza uma conferência de imprensa. Ao mesmo tempo, todas as informações sobre a como foi a sessão permanece secreta, já as atas classificadas como secretas por um período de 30 anos (BCE começou seu trabalho em 1998, ou seja, o primeiro registro será publicado somente dentro de 16 anos).
Dado que o Fed e o Banco da Inglaterra publicam as atas das reuniões, mesmo com um atraso de várias semanas, essa prática do BCE parece no mínimo estranha. Recentemente Mario Draghi deu a entender que o BCE "está sempre pensando em como tornar seu trabalho mais transparente". Além disso, o Bundesbank tem insistido na publicação das atas, isso por que ali consideram não ser totalmente transparente a atividade do regulador. Enquanto isso, para quinta-feira é esperado um monte de estatísticas sobre a zona do euro, sendo que a atenção está focada para o leilão de venda dps Eurobônus espanhóis.
Na quinta-feira serão colocados em Madri os títulos de 10 anos da dívida. Diante dos planos da Moody de rebaixar o rating espanhol o rendimento dos títulos poderá dar um salto sério, o que afetará negativamente a cotação EUR/USD. Por outro lado, após a terceira rodada do Fed da suavização qualitativa (QE3) poderemos esperar por redução no dólar, o que acompanhou os QE2 e QE1 anteriores. Assim, em curto prazo, o par pode ainda ter algum crescimento, sendo que o objetivo continua sendo o nível 1,32.
Departamento de Análise da RoboForex